MPB x Funk: contra fatos e história não há argumentos

"Quando o Brasil ainda era um país desconhecido do resto do mundo, a nossa música era apenas sons dispersos na boca do índio habitante. Porque fazer som e rítmo é próprio do instinto humano. Mas nada havia de definitivo em termos musicais. Até que aqui chegou o português colonizador e a história da MPB começa."
(Paulo César Pinheiro - fragmento do texto de apresentação do disco Clara Nunes Canto Das Três Raças)

Assim que a terra brasileira foi tomada em nome do rei, os índios foram escravizados. Do cativeiro, surgiram os primeiros cantos tristes, que começaram a definir a música brasileira. Devido ao tamanho de nossas terras, houve a necessidade de mais braços para o trabalho e da mãe África troxeram os negros escravos.

O canto do índio cativo juntou - se ao lamento vindo das senzalas e dos quilombos: o lamento de dor do preto sofrido.Para a Terra de Vera Cruz, vinham gente de toda espécie e aqui, saudosos de suas terra natal, passaram a criar o seu canto. Veio a idependência e a expressão Música Popular Brasileira passou a ter sua legitimidade.

A Música Popular Brasileira, legítima em sua raiz e criação, é na verdade, a junção de três raças: o índio habitante, o negro escravo e o branco colonizador tendo, portanto, raízes culturais absolutamente brasileiras.

O funk por sua vez é um estilo musical que surgiu através da música negra norte-americana no final da década de 1960. Na verdade, o funk se originou a partir da soul music, tendo uma batida mais pronunciada e algumas influências do R&B, rock e da música psicodélica. De fato, as características desse estilo musical são: ritmo sincopado, a densa linha de baixo, uma seção de metais forte e rítmica, além de uma percussão (batida) marcante e dançante.

O Funk radicado no Brasil, porém, nada nos mostra de cultural a não ser o seu rítimo dançante. As letras sem conteúdos, recheadas de palavrões, com alto teor sexual que incentivam os jovens a tranzarem sem parar e que tratam as mulheres como prostitutas e objetos sexuais nos envergonham. É lamentavel, que um rítmo tão dançante, tão popular nos dias de hoje, nada tenha a contribuir para o discernimento e para a formação moral e familiar.

Não pode o Funk, portanto, ser considerado um rítmo cultural brasileiro, uma vez que não provém de nossas raízes e que nada tem a contribuir com nossa cultura popular, salvas as raras excessões.

É, enfim, nossa MPB de  Chiquinha Gonzaga, Carmen Miranda, Noel Rosa, Francisco Alves, Ary Barroso, Pixinguinha, Cartola, Chico Buarque, Paulo César Pinheiro, Gonzagão, Gonzaguinha, Adoniran Barbosa, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Nara Leão, Ataúlfo Alves, João Nogueira, Benito di Paula, Roberto Ribeiro, Simone, João Bosco, Ivan Lins, Jorge Benjor, Renato Russo, Cássia Eller, Elza Soares, Clementina de Jesus, Milton Nascimento, Paulinho da Viola, Jorge Aragão, Martinho da Vila, Dona Ivone Lara, Beth Carvalho, Alcione, Zeca Pagodinho, Gal Costa, Maria Bethânia, Elizeth Cardoso, Ângela Maria, Roberto Carlos, Wanderléa, Raul Seixas, Rita Lee, Elis Regina e Clara Nunes, só para citar alguns dos imortais e Maria Gadú, Ana Carolina, Jorge Vercilo, Diôgo Nogueira, Dudu Nobre, Roberta Sá, Vanessa da Mata, Rita Ribeiro e Maria Rita, alguns da nova geração que trabalham uma música de qualidade, a verdadeira música do Brasil, aquela que realmente foi construída pelas mãos de três raças. E, tendo sido construída pelo povo BRASILEIRO, é legitimamente a NOSSA base cultural.

Abaixo, Clara Nunes, maior cantora brasileira, interpreta a música "Canto das Três Raças"

4 comentários:

  1. Não quero passar por 'do contra', mas venho adotando uma percepção diferente quanto a esse assunto. Há alguns meses atrás, eu era o maior defensor do discurso que 'bossa nova é legitimamente brasileira, funk é porcaria', porém o Rio de Janeiro me abriu a cabeça pra um outro aspecto, mais sociológico da música.
    Confesso que não consigo ouvir sequer 1 minuto de funk, assim como de sertanejo, eletrônica, rock paulera e etc. Isso é questão de gosto, intrínseco em cada um. Porém não podemos, apesar de suas letras xulas e seu batido irritante (no nosso ponto de vista), tirar o mérito do funk.
    Hoje, assim como o samba, o pagode e, infelizmente, até o sertanejo; o funk virou CULTURA NACIONAL. Não a cultura que a mídia promove, no caso do Funk, mas a cultura que o povo assume, ou seja, a verdadeira cultura do Brasil.
    Chegamos a um ponto, que, apesar de nós, amantes da boa música, relutarmos, vamos ter que aceitar que não são mais Clara Nunes, Elis e Lenny Andrade 'Música Popular Brasileira'. Toda sua excelência musical tornou-se erudito demais pro nosso povo sem educação (mas não sem cultura). Culpados não somos nós, não são elas, não são nosso povo. Culpado não é ninguém.
    Sou contra algumas letras, ou a maioria delas, como você bem lembrou, pois fazem apologia a um monte de coisa errada. Mas isso não deve nos dar o direito de desprezar nenhum gênero, por menos que sejamos simpáticos a ele. Funk ou bossanova, Mr. Catra ou Chico Buarque de Holanda, todos tem seu valor, a diferença está no ouvido de quem escuta, seja esse mais erudito ou mais popular.

    Grande abraço,
    Raoni Ras

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  2. O problema é que tudo que é errado e passa ser comum, derrepente passa ser o certo. Não consigo tirar nada de positivo do funk.... as letras são vergonhosas e estimulam nossos jovens a nao trabalharem, a nao estudarem e a viverem como bandidos e prostitutas. Todos os valores ensinados pelos meus pais sao totalmente contrarios do que funk prega, se eu fizer o que o funk manda e é o que os jovens tem feito, eu paro de trabalhar, paro de estudar, compro uma arma , e vou viver de pequenos roubos, furtos, prostituição e festas estupidas todos os dias, ate o fim dos meus dias....

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