"Menino sonha demais
Menino sonha com coisas
Que a gente cresce e não vê jamais
Todo menino é um rei
Eu também já fui rei
Mas quá... despertei"
Há exatos 16 anos, um silêncio atípico invadia a casa da compositora Liette de Souza. Ainda desnorteada com o susto de ver o marido em coma no Hospital Municipal Miguel Couto, após ser atropelado próximo à sua casa, por alguém que sequer lhe prestara socorro, em Jacarepaguá, a esposa de Roberto Ribeiro recebia a notícia de sua morte. A despedida precoce e trágica, aos 55 anos, de um ídolo do samba.
Liette nem sabe explicar como deixou o Cemitério São João Batista, em Botafogo, na tarde de janeiro de 1996:
— Saí, tomei água num botequim e peguei um ônibus. Fui de carro com um pessoal que estava na quadra do Império, mas nem lembro com quem. Aquilo era inacreditável! Fiquei tão desnorteada que saltei e fui andando sozinha pela Cidade de Deus.
Filho de Antônio Ribeiro de Miranda (um jardineiro) e Júlia Maciel Miranda, Roberto era um carioca típico, apaixonado por futebol e samba. Aos nove anos de idade, trabalhava como entregador de leite. Naquele tempo, já frequentava a Escola de Samba Amigos da Farra, da cidade de Campos dos Goytacazes , e participava das festas do tradição "Boi Pintadinho".
Ele foi jogador de futebol profissional em sua cidade natal. Depois de passagens por equipes amadoras (Cruzeiro e Rio Branco), ele se tornou goleiro do Goytacaz Futebol Clube . Era conhecido pelo apelido de "Pneu". Em 1965 , Roberto mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro em busca de um lugar em um clube grande carioca.
Chegou a treinar no Fluminense, mas acabou desistindo da carreira e começou a trabalhar com música, a se apresentar no programa "A Hora do Trabalhador", da Rádio Mauá, do Rio de Janeiro. Sua performance chamou a atenção da compositora Liette de Souza (que viria a ser sua esposa), irmã do compositor Jorge Lucas. Ela resolveu apresentá-lo aos sambistas da Império Serrano e Roberto passou a frequentar as rodas de samba da tradicional escola de Madureira. A diretoria da Império convidou-o para ser o puxador de samba-enredo da escola no Carnaval de 1971.
Ele aceitou, mas se afastou nos dois carnavais seguintes para gravar seus primeiros discos como cantor. Firmou - se como puxador oficial da Império serrano a partir de 1974 até 1981.
Roberto Ribeiro, que se tornou um dos mais importantes nomes do Samba, passou a sofrer de um seríssimo problema de vista. Perdeu um olho em razão de uma contaminação por fungo agravada pelo diabetes.
No dia 08 de janeiro de 1996, faleceu em virtude um atropelamento no bairro de Jacarepaguá, Rio de Janeiro.
Um ano antes, em 1995, a EMI-Odeon lançou a coletânea "O Talento de Roberto Ribeiro", na qual compilou 22 sucessos de seus vários discos. Roberto participara ainda naquele ano do disco-homenagem "Clara Nunes Com Vida", produzido por Paulo César Pinheiro, viúvo da cantora. no qual interpretou (com sua voz acrescida posteriormente) um dueto com sua grande amiga Clara Nunes, "Coisa da Antiga" (de Wilson Moreira e Nei Lopes).
Sua vida foi contada em livro de autoria de sua própria esposa, Liette de Souza Maciel, com o título "Dez anos de saudade" (Potiguar Editora).
Ainda em Tempo:
Meu amigo, o compositor Toninho Nascimento, autor de pérolas da MPB, como "Conto de Areia", me enviou, via orkut, seu comentário sobre este artigo, e sobre sua relação de amizade e respeito por Roberto Ribeiro. Vale a pena registrar aqui:
_ Caio, uma lembrança muito oportuna. Fui parceiro de Roberto Ribeiro, o qual gravou em torno de 17 músicas de nossa autoria. Atualmente, estou compondo com seu filho, o Lequinho, quer dizer, Alex Ribeiro. Para mim, Roberto Ribeiro tinha a voz masculina mais linda que o samba já ouviu. Eu sinto muita saudade dele e de nossas andanças por aí...
(Toninho Nascimento)
Meu amigo, o compositor Toninho Nascimento, autor de pérolas da MPB, como "Conto de Areia", me enviou, via orkut, seu comentário sobre este artigo, e sobre sua relação de amizade e respeito por Roberto Ribeiro. Vale a pena registrar aqui:
_ Caio, uma lembrança muito oportuna. Fui parceiro de Roberto Ribeiro, o qual gravou em torno de 17 músicas de nossa autoria. Atualmente, estou compondo com seu filho, o Lequinho, quer dizer, Alex Ribeiro. Para mim, Roberto Ribeiro tinha a voz masculina mais linda que o samba já ouviu. Eu sinto muita saudade dele e de nossas andanças por aí...
(Toninho Nascimento)
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