"Por tanto amor
Por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz
Manso ou feroz
Eu caçador de mim
Por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz
Manso ou feroz
Eu caçador de mim
Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar
Longe do meu lugar
Eu, caçador de mim"
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar
Longe do meu lugar
Eu, caçador de mim"
"Antes de ser ligado a qualquer coisa, Milton é ligado à terra. Como Caymmi, de outro modo, foi ligado ao mar. Os sons de Milton, antes de serem voz e música, são coisas. Jogadas cara a cara, sem pudor e sem violência, antes tranquilamente. Mas com a angústia de quem tem os pés plantados em dois tempos, como raízes, os olhos vazados de paisagens de amanhã e na garganta o silêncio das multidoes de agora. A música de Milton, antes de mais nada, abre a narina de cheiros. É uma música sem modas. Gritada com a força animal de quem não foge do medo nem tem medo da alegría. Gritada em gestos largos, que não cabem nas grades das televisões. Um som que atravessa o tempo com uma raça. Um som sem metal, sofrido e contente como o grito de uma mulher no parto. Vindo de muito longe. Da América do Sul. De Diamantina. De um beco perdido. A caminho da gente."
RUY GUERRA
Também conhecido pelo apelido de Bituca, nasceu no Rio de Janeiro em 26 de outubro de 1942, filho de Maria Nascimento, uma empregada doméstica muito humilde, que foi mãe solteira. Maria tentou criar Milton, o registrou e o levou para a casa dos patrões, mas foi demitida e viu que não poderia criá-lo, tamanha miséria a qual vivia. Sofrendo muito, entregou o filho para um casal rico criar. Milton, então, foi adotado. Sua mãe adotiva, Líliam Silva Campos, era professora de música. O pai adotivo, Josino Campos, era dono de uma estação de rádio. Mudou-se para Três Pontas, em Minas Gerais, antes dos dois anos, e nunca se considerou carioca. Um dos maiores orgulhos de Milton é dizer que é mineiro. Aos treze anos já cantava em festas e bailes da cidade.
Milton Nascimento é reconhecido mundialmente como um dos mais influentes e talentosos cantores e compositores da MPB. Tornou-se conhecido nacionalmente, quando a canção "Travessia", composta por ele e Fernando Brant, ocupou a segunda posição no Festival Internacional da Canção, de 1967. Tem como parceiros e músicos que regravaram suas canções, nomes como: Wayne Shorter, Pat Metheny, Peter Gabriel, Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Mercedes Sosa (a Voz da América Latina) e Elis Regina, de quem foi grande amigo, a ponto de ser escolhido para ser o padrinho de sua filha caçula, a também cantora Maria Rita, com quem já realizou parcerias mais recentemente. Em 1998, ganhou o Grammy de Best World Music Album in 1997. Foi nomeado novamente para o Grammy em 1991 e 1995. Milton já se apresentou na América do Sul, América do Norte, Europa, Ásia e África.
Gravou a primeira canção, Barulho de trem, em 1962. Em Três Pontas, integrava, ao lado de Wagner Tiso, o grupo W's Boys, que tocava em bailes. Mudou-se para Belo Horizonte para cursar Economia, onde, tocou em bares e clubes noturnos. Ainda na capital mineira, trabalhando como crooner e baixista, teve a oportunidade de conhecer outros grandes talentos mineiros, com os quais faria parcerías. Conheceu, também nesta época outra grande voz de Minas, a cantora Clara Nunes, que também estava iniciando sua carreira, e que já se destacava como a maior cantora do estado. Reza a lenda, que Milton tería sido baixista de Clara na capital mineira em algumas apresentações. Neste período começou a compor com mais frequência; datam dessa época as composições Novena e Gira Girou (1964), ambas com Márcio Borges.
O estilo musical de Milton pode ser classificado como Música Popular Brasileira, surgido de um desdobramento do movimento da bossa nova, com fortes influências desta, do jazz, do jazz-rock e de grandes expoentes do rock, como os Beatles, Bob Dylan e com pitadas tanto da música hispano-americana de Mercedes Sosa, Violeta Parra e Victor Jara, quanto dos sons caribenhos de Pablo Milanes e Silvio Rodríguez. Ao mesmo tempo, o estilo de Milton Nascimento não deixa de beber nas fontes regionais brasileiras, nos cantos folclóricos de Minas Gerais e de outros estados.
Elegeu Elis Regina como a grande musa inspiradora para quem compôs inúmeras canções. A filha de Elis, Maria Rita, teve sua carreira catapultada pelo padrinho Milton Nascimento com a participação no álbum Pietá, cantando três faixas no mesmo.
Em 2010 Milton Nascimento foi o homenageado do Festival Internacional de Corais (FIC) de Belo Horizonte. No encerramento do festival Milton esteve presente e recebeu uma homenagem de mais de mil vozes que cantaram uma composição de Fernando Brant e Leonardo Cunha "A Voz Coral" feita especialmente para o homenageado.
Milton Nascimento, a voz masculina das Minas Gerais, da América do Sul. Cidadão do mundo.
"Se Deus cantasse, cantaría com a voz do Milton"
ELIS REGINA
Elis Regina interpretendo "Canção do Sal", primeira música que gravou de Milton Nascimento
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