E a nossa verdadeira música?

"Ai meus Deus, o que foi que aconteceu com a música popular brasileira?"

(Elis Regina - 1977)

"Peço a Oxalá que me retire de cena antes que eu caia no ridículo"

(Clara Nunes, sobre os rumos que a MPB vinha tomando já no fim dos anos 70)

"No futuro, as pessoas vão cantar com a bunda e eu não quero estar viva pra ver isso"

(Elis Regina - início dos anos 80)

Mais uma vez as profecias destes dois monstros sagrados de nossa legítima música popular brasileira parecem se comprovar. O barco de fato afundou, afogando aos nossos verdadeiros artistas. Artistas estes, que construíram a nossa canção.

Há quanto tempo não vemos nomes do porte de Gal Costa, Chico Buarque, Milton Nascimento, Rita Lee, Maria Bethânia, Simone, Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Jorge Aragão e Benito di Paula, só para citar alguns, participarem de um programa de grande porte e audiência como é o Domingão do Faustão? Quantos adolescentes conhecem esses artistas nos dias atuais? Vergonha!

O que esperar de um país que leva ao ostracismo sua própria base cultural? O ator Paulo Gracindo, em entrevista ao jornal Estado De Minas, em 1995, afirmou que no Brasil as pessoas morrem e desaparecem. Completou dizendo que o brasileiro se esquece, até mesmo, de sua própria desgraça. A afirmação do ator, entretanto, já está ultrapassada, pois, hoje nem se precisa morrer para ser relegado não a segundo, mas,  ao último plano. Hoje, nossos astros e estralas são enterrados, ainda vivos. Estão ai todos estes grandes artistas, autores de uma verdadeira música de classe e qualidade, que não me deixam mentir.

O Brasil virou o país da vergonha e da piada. O país onde um "Camaro Amarelo" (nada contra e nem a favor da dupla Munhoz e Mariano) ganha o prêmio de melhor música brasileira do ano de 2012 e o "rei" Roberto Carlos tem que se sujeitar a receber um prêmio de "consolação" por "Esse Cara Sou Eu".

Felizes de Elis e Clara que foram retiradas de cena e não tiveram que viver pra ver o que se tornou a Música Popular Brasileira e os valores de nossa gente. Felizes delas, que ao contrário dos que ainda estão vivos, permanecem inabaláveis na memória dos brasileiros, como se ainda estivessem aqui. Mas e os que ainda estão aqui? Se não estão conseguindo projeção nem mesmo em vida, imagina depois de mortos...

E tenho dito!