Chama o síndico, Tim Maia

"Ah!
Se o mundo inteiro
Me pudesse ouvir
Tenho muito prá contar
Dizer que aprendi..."



Não é uma tarefa nada fácil falar de Tim Maia. Definir um gigante, um mito inesquecível de nossa canção é tarefa árdua. Tim Maia não foi um simples cantor e compositor. Foi um dos maiores de todos os tempos. Abram alas, para o "síndico" da Música Popular Brasileira.


tim maia
O cantor e compositor brasileiro Sebastião Rodrigues Maia, mais conhecido como Tim Maia, nasceu no dia 28 de setembro de 1942, na cidade do Rio de Janeiro. Era o 18° filho em uma vasta família de 19 irmãos. Ele cresceu no Bairro da Tijuca, na Rua Afonso Pena 24. Tim iniciou sua vida artística ainda na infância, quando compunha suas primeiras canções.


Tim Maia tem uma importância significativa na Música Popular Brasileira, pois, foi ele o precursor  musical da interpretação em estilo soul. Sua voz grave e intensa contribuiu para a fusão destes dois elementos, convertendo-o, a partir dos anos 70, em um dos principais intérpretes e compositores brasileiros, um campeão de vendas e de ‘hits’ veiculados pela mídia.

Aos 14 anos Tim Maia já tinha seu próprio grupo musical, Os Tijucanos do Ritmo, de curta duração, no qual ele exercitava seus dotes de percussionista. Em 1957, já dominando o violão, ele dava aulas para Roberto e Erasmo Carlos, e com o primeiro integrava a banda Os Sputniks.

Dois anos depois, após o falecimento do pai, ele foi para os EUA para estudar inglês. Lá começa a sua trajetória como vocalista. Em 1963 ele é detido por porte de maconha e, após seis meses na prisão e mais dois esperando o retorno para seu país, foi finalmente deportado. Somente em 1968 ele lança seu primeiro compacto solo, pela gravadora CBS.

Seu grande aval na MPB foi a gravação da música "These Are The Songs", no início da década de 70, pela cantora Elis Regina, que já tinha um grande prestígio nesta época. Elis não apenas gravou a música como também convidou Tim para participação especial na gravação. 

Nos três anos posteriores ele gravou Tim Maia volume II, Tim Maia volume III e Tim Maia volume IV, alcançando cada vez mais a fama e o sucesso, especialmente com as melodias dançantes, sem falar nas vendas de discos. Nos anos 70 ele conheceu a ideologia conhecida como Cultura Racional, comandada por Manuel Jacinto Coelho, ligado à questão da ufologia.

Seguindo esta vertente, Tim lança em 1975 os trabalhos Tim Maia Racional volumes 1 e 2, por um selo próprio intitulado Seroma, que se refere ao termo ‘amores’ e contém também o nome completo do cantor, abreviado. Neste período o artista conseguiu ficar distante de seus vícios, o que influenciou positivamente o timbre de sua voz. Assim, estes são seus trabalhos mais bem aceitos pela crítica. Posteriormente, porém, frustrado com seu guru, se afastou deste ideário e tirou os discos do circuito, o que os converteu em preciosas raridades.

Na década de 80 ele gravou os álbuns O Descobridor dos Sete Mares, de 1983; Um dia de Domingo, de 1985; e Tim Maia, de 1986, seus mais significativos trabalhos. No ano de 1988 ele conquistou o Prêmio Sharp como Melhor Cantor. Em 1992 ele agradeceu a gravação de seus hits por ícones da música brasileira gravando ‘Como uma onda’, de Lulu Santos e Nelson Motta. Nesta década ele trabalhou ativamente, lançando mais de um CD por ano.

Nos anos 2000 foram resgatados vários trabalhos de seu estágio racional, entre eles Escrituração Racional, Brasil Racional, Universo em Desencanto Disco, entre outros, encontrados somente na Internet.

Ao longo de sua carreira, Tim Maia enfrentou sérias dificuldades com o álcool – ingeria pelo menos três garrafas de uísque todo dia -, com a maconha e a cocaína. Tinha um gênio difícil, cultivava inimizades, processos de trabalho, conflitos com críticos, rejeição de antigos amigos e ausências nos próprios shows.

Sempre que um show seu era agendado, uma pergunta pairava no ar: Tim Maia vem ou não vem? Era difícil prever. Esta se transformou em mais uma característica inusitada e ao mesmo tempo só fez crescer o mito Tim Maia



Com a saúde bastante frágil, tentou realizar um show, mas, não suportando as exigências impostas ao seu organismo. Logo na primeira música Tim deu fortes sinais de que não estava nada bem e deixou o palco. O cantor saiu do Teatro Municipal de Niterói em uma ambulância, já em estado grave. No caminho até o hospital sofreu duas paradas cardíacas. Tim Maia morreu no dia 15 de março de 1998, na cidade de Niterói, vítima de uma infecção generalizada.

Tim Maia era dono de uma voz tão gorda quanto ele. Voz esta, eleita pela revista Rolling Stones como sendo a maior voz masculina do Brasil de todos os tempos. Tim Maia o mito, o eterno síndico da nossa canção.


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