Nara Leão: o gigantismo de uma pequena voz

"Se alguém perguntar por mim
Diz que fui por aí
Levando o violão debaixo do braço

Em qualquer esquina eu paro
Em qualquer botequim eu entro
Se houver motivo
É mais um samba que eu faço

Se quiserem saber se eu volto
Diga que sim
Mas só depois que a saudade se afastar de mim"

(fonte: google imagens)

De voz suave, límpida, pequena e ao mesmo tempo poderosa, Nara Leão, capixaba de nascimento e carioca de alma e coração, figura entre os mais importantes nomes da história da nossa música popular brasileira.

A cantora marcou época e trouxe bom gosto e serenidade a MPB através da escolha das canções que cantava e gravava. Foi clássica e ao mesmo tempo inovadora. Reunia todas as qualidades de uma grande artista. Bastante talentosa, trazia consigo a simplicidade elegante das grandes damas da canção popular.

A artista teve um papel de grande e vital importância no surgimento de um dos mais importantes movimentos musicais brasileiro: a Bossa Nova. Era no apartamento de Nara que a "turminha da praia" se reunia para conversar e tocar violão. Desta turma faziam parte Roberto Menescal, Carlos Lyra, Sérgio Mendes e Ronaldo Bôscoli. Dessas reuniões, em 1957, nascia este que é, depois do nosso brasileiríssimo Samba, o mais difundido movimento musical brasileiro no mundo. Nara Leão se tornou a mais importante voz feminina deste movimento, consequentemente, sua eterna "Musa".


Após casar-se com o cineasta e compositor Ruy Guerra, Nara começa a aproximar- se dos compositores do morro e grava uma série de sambas que encontram na voz da intérprete uma tonalidade diferente daquelas às quais estavam acostumados. Na voz pequena de Nara Leão, o samba ganha uma serenidade incomum às batidas dos instrumentos percussivos e passa a caminhar na tranquilidade dos acordes do violão e do cavaquinho.

(Nara Leão com Cartola, Zé Kéti e Nelson Cavaquinho)

Embora tenha contribuído para a divulgação dos compositores do morro e até mesmo do Samba como movimento sócio cultural, não podemos rotular e nem mesmo considera- la como sendo uma sambista. Podemos dizer, no máximo, que Nara tenha flertado com o Samba, bem como flertou com a Tropicália e tantos outros gêneros genuinamente brasileiros. Nara Leão era uma intérprete à frente do seu tempo e sempre aberta a gravar tudo o que fosse verdadeiramente bom.

A cantora que lutava contra um câncer no cérebro fez sua última apresentação no Pará, em 1989. Ao voltar para o Rio de Janeiro, a doença se agravou e ela precisou ficar internada por meses. O tumor se rompeu e no dia 07 de junho de 1989 a cantora morria.

(uma das últimas imagens de Nara Leão)

Nara Leão, uma verdadeira estrela da nossa MPB que tem lugar de honra entre as maiores de todos os tempos. Eterna Nara!



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