4 anos sem o "Homem dos Coloridos"

"Se eu soubesse o quanto dói a vida
Essa dor tão doída, não doía assim
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala do seu bandolim
Naquela mesa ta faltando ele
E a saudade dele ta doendo em mim"
 

(Mestre Marinho e sua primeira tela, pintada quando ele tinha apenas 14 anos - do arquivo de sua filha Zulma Maria)

“Para tudo na vida dá – se um jeito. Tudo tem concerto, menos a morte.”
(Marinho Maximiano Silva)


A cultura de nossa João Monlevade já perdeu alguns de seus maiores representantes. O que não podemos, é deixar que a memória desses homens e mulheres que contribuíram com seu trabalho e talento para enriquecer  a nossa história se perca na memória de nossa gente. Hoje, completam - se quatro anos de ausência daquele que foi, sem sombra de dúvidas, o maior artista plástico de João Monlevade, Rio Piracicaba e região: o meu avô Marinho Silva

Conhecido como o “Homem dos Coloridos”, devido ao tom vivo e brilhante de suas pinturas, Marinho Maximiano Silva nasceu em Rio Piracicaba em 08/01/1912. Seu pai era ourives, Sr. Thomáz D`Aquino Silva e sua mãe, Maria Manoela Leite Silva era a única florista profissional da cidade e, foi ela quem mais incentivou ao filho, que desde muito cedo já demonstrava interesse e talento pelas artes.
Começou a pintar profissionalmente aos 14 anos. Ao completar 22 anos, foi para Belo Horizonte estudar Desenho e Pintura Decorativa. Seu mestre na arte de colorir foi o famoso pintor paisagista mineiro Agostinho Andrade, de quem foi discípulo e ajudante.
Aos 26 anos retorna à sua terra natal e, após seu casamento com Abigail Leite muda – se para João Monlevade, onde trabalhou até se aposentar como Contra Mestre Chefe na direção de pintura e artes da então Belgo Mineira. Foi diretor também de clubes, como o Ideal, Grêmio e União Operária.
Além dos maravilhosos óleos sobre telas, realizou grandes trabalhos através da Belgo Mineira, como por exemplo a primeira grande restauração do Solar de Monlevade, que se deu quando o presidente Getúlio Vargas veio inaugurar a pedra fundamental do primeiro Alto Forno da usina. São suas também as pinturas do teto da capela do Solar. Foi o Mestre Marinho quem fez a seleção das cores originais e a supervisão da pintura, instalação e arte da via sacra da Matriz de São José Operário, hoje símbolo maior de nossa cidade. A pedido do Cônego Higino fez também o fingimento de madeira das imagens de Nossa Senhora das Graças e Santa Bárbara, que hoje ficam sobre as portas de entrada da Matriz. Era ele também o responsável por decorar clubes como o Social, Ideal e união Operária para os famosos carnavais, dentre muitos outros trabalhos.
Sua casa era ponto turístico durante as festividades Natalinas. O artista construía um presépio em movimento que ocupava um cômodo inteiro da residência.
Teve seis filhos de seu casamento com Abigail Leite e Silva (a saudosa Dona Bêga): Ney (falecido ainda bebê), Maria Benedita, Sônia Maria (falecida em 02/06/2010), Cláudio Antônio, Zulma Maria e Célia Maria, sendo ambas as filhas professoras e o filho Técnico em Mecânica e Músico profissional. Após a morte prematura de Dona Bêga, Marinho casou – se novamente e retornou a Rio Piracicaba.
Com sua segunda esposa, Ermínia Fonseca Silva, teve um filho, Alexandre, que é Pedagogo e Minerólogo.
Marinho Silva era admirador de Di Cavalcanti e Picasso; dizia apreciar a pintura moderna. Teve suas obras publicadas em diversos jornais estaduais, em várias edições da revista “MOSTRAR” e teve um programa dedicado a sua arte na extinta TV Itacolomi. Duas de sua filhas herdaram seu talento, Sônia Maria e Zulma Maria, sendo que Zulma, assim como o pai, se destaca como uma das maiores artistas plásticas de João Monlevade, terra que Marinho tanto amou e escolheu para criar sua família e, onde hoje repousa, ao lado de D. Bêga.
O jardim de sua casa, em Rio Piracicaba, revela um amante da natureza, repleto de flores diversas e muito bem cuidadas, demonstrando também seu talento em paisagismo.
O artista passou os últimos meses de vida em João Monlevade e, no dia 25/06/2007 faleceu, aos 95 anos, em decorrência de complicações do Mal de Parkinson.

Um comentário:

  1. Muito boa tarde. É com muita honra que sou conterrânea de seu avô. Admiro as obras dele, que abrilhantam os olhos de quem as vê.
    A escola do meu bairro (Nossa Senhora de Fátima), agora recebe seu nome - Marinho Silva. Os alunos estão preparando uma exposição contendo suas obras e contando um pouco de sua vida. Portanto, em nome do grupo de aula particular da professora Jaqueline Leite, venho por meio deste convidá-lo para prestigiar este momento. Convite aberto também aos filhos e demais netos. Seria de grande apreciação recebê-los a fim aprimorar ainda mais este belo projeto com os alunos da nossa comunidade e acima de tudo para que vocês também possam prestigiar esta pequena e singela homenagem ao seu avô. Aguardo contato, e desde já muito obrigada.

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