Mestre Cartola, um gigante da MPB

"Bate outra vez

Com esperanças no meu coração

pois já vai terminando o verão, enfim..."

(na foto Cartola com sua Dona Zica)

É inegável que nossa Música Popular Brasileira ainda conte com alguns gênios, como Chico Buarque, Paulo César Pinheiro, Caetano, Gil, Paulinho da Viola, dentre outros. É inegável, também, que embora estes compositores ainda estejam na ativa, a riquesa de outrora esteja perdida nesse deserto que está se tornando nossa música. Quando vejo determinados programas de TV, líderes de audiência, sempre me vem um questionamento à cabeça: onde estão Gal, Bethânia, Simone, Beth Carvalho, Nana Caymmi, Milton Nascimento e tantos outros? Morreram? Se aposentaram e eu não fiquei sabendo?

Infelizmente, nossa verdadeira música está perdendo seu espaço para os modismos de Ivete, Cláudia e um bando de falsos sertanejos - que nada tem de sertanejos, já que os verdadeiros mesmo, são Chitãozinho e Xororó, Tonico e Tinoco...

Quando penso em MPB, sempre me vem à cabeça o nome de um gênio, um mestre do samba, um verdadeiro arquiteto das palavras: CARTOLA.

Mesmo tendo sido um dos maiores poetas, não só do samba como da música popular brasileira, Cartola foi uma grande vítima da mesma exploração que padece o povo brasileiro. Angenor de Oliveira morreu muito pobre, morando em um pequeno sobrado, que foi doado a ele pela prefeitura.

As músicas de Cartola já foram gravadas por diversos artistas dos mais variados estilos e regiões. Entre eles, Clara Nunes, Elis Regina, Beth Carvalho, Alcione, Chico Buarque, Marisa Monte, Paulinho da Viola, Fagner, Gal Costa e muitos outros, porém, Cartola gravou seu primeiro disco somente em 1974, Cartola, produzido por um dos maiores produtores e promotores da cultura nacional, Marcus Pereira. Na época o Mestre já estava com 65 anos. Em 30 de novembro de 1980, apenas seis anos depois , apagou-se a chama da vida de Angenor de Oliveira, legítimo filho do povo brasileiro, a quem presenteou com algumas das mais belas canções já criadas.