Rita Lee, Rainha absoluta do rock nacional

"Como vai? Tudo bem
Apesar, contudo, todavia, mas, porém
As águas vão rolar, não vou chorar
Se por acaso morrer do coração
É sinal que amei demais
Mas enquanto estou viva e cheia de graça
Talvez ainda faça um monte de gente feliz"
(Rita Lee)

Filha de Charles Jones e Romilda Padula, ele descendente de imigrantes americanos e ela italiana, fruto do que se costumava chamar "salada paulista", nasceu Rita Lee Jones no último dia do ano de 1947. Assim como suas irmãs mais velhas, Mary e Virginia, recebeu o nome Lee em homenagem ao famoso General Lee.

Rita sempre mostrou interesse pela música. Fugindo da rigidez imposta pelo pai, deliciava-se com polcas e clássicos ligeiros que saíam do piano da mãe. Brincando, juntava-se às irmãs para formar trios vocais, embora entrasse em pânico nos recitais que sua professora de piano Madalena Tagliaferro promovia.
Na adolescência, Rita se trancava no quarto já de pijama, pronta para dormir. O que a família não sabia era que ela pulava a janela para apresentar-se tocando bateria em festas de escola. Em uma dessas escapadas, porém, teve crise de apendicite aguda, sua família foi chamada pela direção e a descoberta, inevitável.

Apenas um dos muitos sustos que viriam a seguir. O maior foi quando pediu ao pai uma bateria Caramuru ao invés do tradicional baile de formatura, sonho de onze entre dez adolescentes da época.

Rita participava de um conjunto ao lado de mais duas amigas quando, em meados dos anos 60, conheceu a turma de um garoto dentuço da Pompéia. Elas, boas de vocais e fracas de acompanhamento. Eles, muito bons músicos, porém, fracos no vocal. A junção, quase natural, deu origem ao O'Seis, que chegou a gravar a música "O Suicida" em um compacto nunca lançado. Logo depois, aconteceram algumas baixas, e Rita ficou como a única garota ao lado dos irmãos Sérgio e Arnaldo Baptista, trio que receberia o nome de Os Mutantes.

Em 1966, estavam em estúdio fazendo os backings para Nana Caymmi em Bom dia, quando, no intervalo, conheceram o marido da cantora, que logo os desafiou a um duelo. No fim de uma tarde de improvisos e afinidades, receberam o convite para acompanhá-lo no festival que estava sendo preparado para o ano seguinte.
Gilberto Gil e Os Mutantes ganharam o segundo lugar com "Domingo no Parque" no III Festival da Música Popular Brasileira na TV Record.
O público não entendeu muito bem a mistura das guitarras elétricas dos Mutantes com o violão de Gil e orquestra regida por Rogério Duprat. Era a Tropicália mostrando seus primeiros passos e recebendo suas primeiras vaias.
Depois de viver em comunidades, experimentar todos os tipos de drogas, fugir da polícia e driblar a censura, Rita Lee começou a desenvolver uma carreira solo, lançando "Build Up" em 1970, disco produzido por Arnaldo Baptista. Em 1972, ano do último disco dos Mutantes, Rita lançou outro álbum solo, também contando com a participação dos outros integrantes.

Pouco depois, foi expulsa do grupo por divergir dos novos rumos que os outros integrantes estariam tomando.

Em depressão pela saída dos Mutantes, Rita pensou em encerrar a carreira. Trancou-se um tempo em casa, e compôs muitas das músicas do trabalho que lançaria tempos depois. Formou um grupo chamado Tutti Frutti, para uma série de apresentações no Teatro Ruth Escobar. Por sugestão da gravadora, que queria lançar Rita como estrela nacional de seu cast, o grupo passou a se chamar Rita Lee & Tutti-Frutti.

Em 1977,  grávida pela primeira vez,  foi presa por porte e uso de maconha.

Comovida com o drama de Rita Lee, grávida e trancada numa cela da cadeia, a cantora Elis Regina, que não a conhecia pessoalmente, e era considerada da "outra turma", tentou visitá-la na prisão, mas teve de voltar pois João Marcelo Bôscoli, seu filho do primeiro casamento, com o compositor Ronaldo Bôscoli, na época com 7 anos, não se sentiu bem naquele ambiente. Elis escreveu um bilhete para Rita, que a deixou muito surpresa e comovida.

Após sua saída da prisão, foi convidada por Elis Regina para participar de um especial para a Bandeirantes, quando gravaram juntas a música "Doce de Pimenta", composta por Rita em homenagem à Elis.

Já vivendo com Roberto de Carvalho definitivamente incorporado à banda, mãe de Roberto Lee de Carvalho e livre da prisão domiciliar a que fora submetida por 1 ano e meio, Rita sai em turnê com Gilberto Gil. "Refestança" foi registrado em disco, mas, segundo a própria cantora, resgatou apenas 30% da atmosfera do show.

Em 1982, Rita começou a ter sérios problemas de saúde, chegando a desmaiar no palco no meio de um show no Morro da Urca (Rio de Janeiro). Além do ritmo alucinante da turnê, estava abalada por problemas pessoais. Havia perdido prematuramente sua irmã mais velha dois anos antes e em janeiro deste ano, perdera sua grande amiga, Elis Regina, que faleceu aos 36 anos, vítima de uma Overdose de Cocaína, deixando 3 filhos. No mesmo período, o pai, que estava muito doente veio a falecer.
Os boatos logo davam conta de que Rita Lee estava com leucemia. A história tomou um vulto tão grande que, em um certo momento, ela mesma achou que pudesse estar doente e que Roberto estaria escondendo dela.

Na assinatura do contrato para o Rock in Rio, em dezembro de 84, Rita apareceu de peruca. Na apresentação, em janeiro seguinte, mais perucas e problemas na voz. Ainda no palco, confessou-se enferrujada diante da platéia.

Mais uma vez, Rita retirou-se de cena. Trancou-se no estúdio por sete meses e gravou um ótimo álbum, porém longe do estilo festivo da dupla. A crítica adorou, mas a resposta em vendas não foi a esperada. Mesmo assim, pôs fim aos boatos e a qualquer suspeita de alguma doença grave.

Em 1995, os Rolling Stones fizeram uma grande turnê pelo Brasil. De próprio punho, o vocalista Mick Jagger, enviou um fax à produção exigindo que os show de abertura fossem feitos pela "Rainha do Rock". Convite feito e aceito. Rita Lee fez os melhores shows de abertura, segusndo os Stones, chegando a roubar a cena dos americanos.

Em 1996, Rita Lee tornou - se a primeira mulher e primeira figura pop a receber o Prêmio Shell de Música Brasileira. Em 1997, o consagrado Prêmio Sharp de Música rendeu tributo a rockeira, em uma noite de gala no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Rita Lee foi uma mulher muito a frente de seu tempo. Era de fato uma "ovelha negra", completamente diferente dos padrões de moralidade da época. Rita dizia o que pensava, o que sentia. Não tinha vergonha de assumir publicamente que fazia amor com seu marido em uma banheirta de espumas. Não media as palavras para dizer que gozava ou para falar de suas fraquesas e vicios. Quando estava no fundo do poço, não fazia tipo, não usava de hipocrisía. Assumia sua fraquesa e pedia socorro.

Rockeira assumida, Rita experimentou, ao longo da carreira, um pouco de tudo. Cantou MPB, misturou Bossa Nova ao rock. Rita Lee sempre ousou, sempre se atreveu.

Rita afirma estar limpa a cerca de 4 anos. Segundo ela, após o nascimento de sua neta, depois de consumir álcool e drogas, ela parou diante do espelho, se olhou, chorou muito e se questionou se aquele seria o exemplo que ela queria dar a sua neta, e se aquela seria a postura de uma "senhora" de quase 60 anos. Segundo Rita Lee, deste dia em diante, ela não mais fez uso de drogas e álcool.

Aos 64 anos, Rita Lee Jones, anunciou sua aposentadoría dos palcos. A "Rainha do Rock" pretende continuar gravando seus discos e participando de programas de televisão, porém, não pretende mais realizar turnês e viajar com seus shows. No último show, envolveu - se em uma confusão com a Polícia, que segundo ela, estava usando de "força brutal" para com sua platéia. Rita justificou - se, dizendo que aquela foi uma atitude arbitrária por parte da PM, e que por isso acabou "explodindo" e falando demais.

Por seu talento, atrevimento, ousadia e por todo seu legado, Rita Lee merece lugar de destaque dentre os grandes nomes de nossa Música Brasileira.

Rita Lee Jones, a eterna e soberana "Rainha do Rock".



4 comentários:

  1. otimo, perfeito, ETERNA RITA ... Gui borduqui.!

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  2. Esta maravilha de Rita que nos encanta sempre né Gui... valeu meu querido amigo.

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  3. Rita Lee mora nos corações brasileiros e fez da música popular brasileira um verdadeiro perfil de verdades e com sua alegria nos transmitiu só coisas boas.
    Eterna Roqueira Feliz que nunca sairá da atualidade porque já se tornou importante o suficiente para que nunca possamos esquecê-la!
    Parabéns a esta maravilhosa publicação e exaltação à Rita e muitos parabéns também por seu Blog que está mais vivo e exuberante!
    bjs

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  4. Obrigado Sandra, por sua tão iluminada presença, sempre constante por aqui. Obrigado por seus comentários. Obrigado por sua amizade.

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