O Samba chora a morte de Dicró

"SOU VELHA GARDA
E JÁ PROVEI PRO MUNDO INTEIRO QUE SOU BAMBA
SOU VELHA GARDA
 A ESPINHA DORÇAL DO SAMBA                                          
FUI MESTRE SALA, DIRETOR E RITIMISTA
JÁ PUXEI CORDA PRA DESEMPEDIR A PISTA
JÁ CORRI DA POLÍCIA, SEM SER MARGINAL
JÁ ESQUENTEI SURDO COM FOLHA DE JORNAL
E APESAR DE TUDO EU ESTOU NUMA BOA
A VELHA GUARDA É O SAMBA EM PESSOA"



Morreu na noite desta quarta-feira (25), aos 66 anos, o sambista Dicró, em um hospital de Magé, na Baixada Fluminense. O compositor sofria de diabetes e de insuficiência renal.

Depois de uma sessão de hemodiálise, ele passou mal em sua residência e foi levado para o hospital, onde sofreu um infarto e não resistiu.

Dicró era conhecido por compor sambas bem-humorados, recheados de sátira e brincadeiras com as sogras. Na década de 1990, formou parceria com os sambistas Moreira da Silva e Bezerra da Silva, encontro que resultou no álbum 'Os 3 malandros in concert'.

Carlos Roberto de Oliveira, o Dicró nasceu em Mesquita, em 14 de fevereiro de 1946. Filho de mãe de santo, Dicró cresceu na favela do bairro de Jacutinga, na cidade de Mesquita. Desde cedo frequentava as rodas de samba organizadas por sua mãe em seu próprio terreiro. Eventualmente tornou-se compositor, integrando a ala das escolas de samba Beija-Flor, em Nilópolis, e Grande Rio, em Duque de Caxias.

É dessa época o surgimento do apelido Dicró. De acordo com o poeta Sérgio Fonseca, os sambas da autoria de Carlos Roberto eram impressos com as iniciais de seu nome, "CRO". Com o tempo, a pronúncia e os erros tipográficos, o "De CRO" mudou para "Di CRO", para no fim se tornar "DICRÓ".

Em 1991, estreou como dramaturgo com o texto "O dia em que eu morri". Durante o governo de Anthony Garotinho no Rio de Janeiro, foi um dos principais incentivadores da criação do Piscinão de Ramos. Compôs diversas músicas para o projeto, passando a ser considerado "Prefeito do Piscinão". Manteve um trailer no local, que se tornou ponto de encontro de sambistas e grupos de pagode.

No começo de 2010, assinou contrato com a Rede Globo para apresentar um quadro no programa Fantástico. Portador de diabetes, passou a enfrentar na mesma época sérios problemas de saúde.

Dicró, grande sambista, grande malandro, grande ausencia na nossa verdadeira Música Popular Brasileira.


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