Hoje completa- se 43 anos da morte de um dos maiores mitos do nossa arte de representar. Cacilda Becker deixou um exemplo de força, luta e amor pelo teatro.
Cacilda Becker Yáconis nasceu em Pirassununga (SP) e desde muito cedo conheceu as dificuldades da vida. Quando seus pais, Alzira Yáconis Becker e Edmundo Radamés Becker, se separaram, ela e as irmãs, a também atriz Cleide Yáconis e Dirce ficaram com a mãe. Foram morar em Santos, e apesar da falta de recursos, Cacilda conseguiu fazer os estudos de balé, e se formou professora. Mudou-se, então, para São Paulo, mas foi trabalhar como escriturária numa firma de seguros.
Aos 20 anos, foi para o Rio de Janeiro disposta a iniciar a carreira de atriz e conquistou uma oportunidade no Teatro do Estudante, em uma montagem de Hamlet, dirigida por Paschoal Carlos Magno. Começou a afirmar-se profissionalmente já nessa época, 1941, na companhia de Raul Roulien. Junto com Laura Suarez, interpretou "Trio em Lá Menor", de Raimundo Magalhães Jr.
Dois anos depois, Cacilda Becker regressou a São Paulo. Fez rádio-teatro para sobreviver, mas era no palco que ela mostrava a sua extraordinária capacidade de trabalho. Entrou para o Grupo Universitário de Teatro, fundado por Décio de Almeida Prado e participou de três montagens: "Auto da Barca do Inferno", de Gil Vicente; "Irmãos das Almas", de Martins Pena e "Pequeno Serviço em Casa de Casal", de Mario Neme.
Voltou novamente ao Rio para trabalhar com "Os Comediantes", grupo inovador no panorama teatral brasileiro. Dirigida por Ziembinski, participou da remontagem da peça "Vestido de Noiva", de Nélson Rodrigues, em 1946, ao lado de Olga Navarro e Maria De La Costa.
Aos 20 anos, foi para o Rio de Janeiro disposta a iniciar a carreira de atriz e conquistou uma oportunidade no Teatro do Estudante, em uma montagem de Hamlet, dirigida por Paschoal Carlos Magno. Começou a afirmar-se profissionalmente já nessa época, 1941, na companhia de Raul Roulien. Junto com Laura Suarez, interpretou "Trio em Lá Menor", de Raimundo Magalhães Jr.
Dois anos depois, Cacilda Becker regressou a São Paulo. Fez rádio-teatro para sobreviver, mas era no palco que ela mostrava a sua extraordinária capacidade de trabalho. Entrou para o Grupo Universitário de Teatro, fundado por Décio de Almeida Prado e participou de três montagens: "Auto da Barca do Inferno", de Gil Vicente; "Irmãos das Almas", de Martins Pena e "Pequeno Serviço em Casa de Casal", de Mario Neme.
Voltou novamente ao Rio para trabalhar com "Os Comediantes", grupo inovador no panorama teatral brasileiro. Dirigida por Ziembinski, participou da remontagem da peça "Vestido de Noiva", de Nélson Rodrigues, em 1946, ao lado de Olga Navarro e Maria De La Costa.
Em 1948, o Teatro Nacional Popular, no Rio de Janeiro, foi fundado por Maria Della Costa, com Ziembisnky no elenco. Cacilda, em São Paulo, ingressou no Teatro Brasileiro de Comedia (TBC). Também passou a lecionar interpretação na recém inaugurada Escola de Arte Dramática de São Paulo (EAD).
Em pouco tempo se tornou a primeira atriz do TBC. Entre os principais trabalhos dessa fase estão "Seis Personagens à Procura de um Autor", de Luigi Pirandello; "Anjo de Pedra", de Tennessee Williams, e "Antígona", de Sófocles e de Anouilh. No cinema trabalhou em "A Luz dos Meus Olhos" (1947) e "Floradas na Serra" (1954).
O TBC entrou em declínio a partir de 1955. Os diretores italianos que o fundaram regressaram à Europa, enquanto os atores mais famosos abriram suas próprias companhias. Cacilda fundou a sua, ao lado dos atores Walmor Chagas, seu marido, de Ziembinski, e de sua irmã Cleide Yáconis que também iniciara carreira no TBC e se firmava como atriz de talento. O grupo encenou peças como "Longa Jornada Noite Adentro", de Eugene O'Neill, e "A Visita da Velha Senhora", de Durrenmatt. Atuou ainda em "Quem Tem Medo de Virgínia Woolf", de Albee, sendo especialmente lembrada por sua "Maria Stuart", de Jonnan Schiller.
Os efeitos da ditadura militar sobre a atividade teatral fazem
surgir uma Cacilda Becker militante das causas de sua classe. Demitida da TV
Bandeirantes, sob a alegação de que suas interpretações são subversivas. A atriz
assume a presidência da Comissão Estadual de Teatro de São Paulo,
lugar que enfrenta a repressão em defesa dos direitos dos artistas e produtores.
Quando, em 1968, o espetáculo Primeira
Feira Paulista de Opinião sofre 71 cortes de censura no dia do
lançamento, a atriz surge no proscênio e se responsabiliza pela apresentação do
texto na íntegra, em um ato de rebeldia e desobediência civil. Sua convicção faz
com que os censores e agentes federais presentes no teatro acatem sua decisão e
assistam ao espetáculo.
Com a nomeação de Abreu Sodré para o Governo de São Paulo, Cacilda assumiu a Presidência da Comissão Estadual de Teatro em 1968. Durante sua gestão, fez grandes conquistas e participou ativamente na luta contra a ditadura. Sua frágil aparência contrastava com a garra com que defendia seus ideais, seus amigos e o teatro.
Voltou a representar, sob a direção de Flávio Rangel, o vagabundo Estragon de "Esperando Godot", de Samuelç Beckett, ao lado de Walmor Chagas e de seu filho Luís Carlos Martins, que estreava no teatro. Em 6 de maio de 1969, durante uma apresentação, sofreu um derrame cerebral em conseqüência do rompimento de um aneurisma. Morreu aos 48 anos, depois de 38 dias em coma no Hospital São Luís, em São Paulo.
De cada personagem que representei guardei uma "descoberta" para mim, de mim mesma.
Cacilda BeckerSobre sua morte, se manifestou o poeta Carlos Drummond de Andrade:
"A morte emendou a gramática.
Morreram Cacilda Becker.
Não era uma só. Era tantas....
Era uma pessoa e era um teatro.
Morrem mil Cacildas em Cacilda"
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