Vinícius de Moraes, o poeta camarada

"Poeta, meu poeta camarada
Poeta da pesada,
Do pagode e do perdão
Perdoa essa canção improvisada
Em tua inspiração
De todo o coração,
Da moça e do violão, do fundo,
Poeta, poetinha vagabundo
Quem dera todo mundo fosse assim feito você
Que a vida não gosta de esperar
A vida é pra valer,
A vida é pra levar,
Vinícius, velho, saravá"


Há 32 anos o "poetinha" nos deixava. Vinícius de Moraes partia em busca de novas boemias e novos amores.

Vinícius nasceu no Rio de Janeiro em 19 de outubro de 1913. Foi um diplomata, dramaturgo, jornalista, poeta e um dos mais consagrados compositores brasileiros
.
Poeta essencialmente lírico, notabilizou-se por seus sonetos. O apelido "poetinha" lhe foi dado por Tom Jobim, grande amigo e parceiro em muitas de suas consagradas canções. Conhecido como um boêmio inveterado, fumante e apreciador do uísque, tinha a fama de ser um grande conquistador. O poetinha casou-se por nove vezes ao longo de sua vida e suas esposas foram, respectivamente: Beatriz Azevedo de Melo (mais conhecida como Tati de Moraes), Regina Pederneiras, Lila Bôscoli, Maria Lúcia Proença, Nelita de Abreu, Cristina Gurjão, Gesse Gessy, Marta Rodrigues Santamaria (a Martita) e Gilda de Queirós Mattoso.

O ano de 1958 marcaria o início de um dos movimentos mais importantes da música brasileira, a Bossa Nova. A pedra fundamental do movimento veio com o álbum "Canção do Amor Demais", gravado pela cantora Elizeth Cardoso. Além da faixa-título, o antológico LP contava ainda com outras canções de autoria da dupla Vinicius e Tom, como "Luciana", "Estrada Branca", "Outra Vez" e "Chega de Saudade", em interpretações vocais intimistas.
(Vinícius e Elizeth Cardoso)
           

"Chega de Saudade" foi uma canção fundamental daquela novo movimento, especialmente porque o álbum de Elizeth contou com a participação de um jovem violonista, que com seu inovador modo de tocar o violão, caracterizado por uma nova batida, marcaria definitivamente a bossa nova e a tornaria famosa no mundo inteiro a partir dali. O nome deste violonista é João Gilberto.

Na década de 1970, já consagrado e com um novo parceiro, o violonista Toquinho, Vinicius seguiu lançando álbuns e livros de grande sucesso. Em 1973 Vinícius estréia um novo show, onde ele apresenta uma moça maravilhosa e pede que prestem atenção, porque era a melhor cantora brasileira, e aquela que tinha a maior possibilidade de fazer uma grande carreira no Brasil e no mundo. Essa Moça era Clara Nunes. O show contava ainda com Toquinho e foi batizado de "O poeta, a moça e o violão". Clara Nunes foi a última cantora a trabalhar com Vinícius, e segundo ele, a escolha não se deu atoa. Vinícius afirmou que esta escolha se deu porque queria encerrar suas parcerías com a maior de todas. Ainda nesse show, ele diz que “a bebida respeitava Pixinguinha”, e que “ só pode beber quem tem bom caráter”. 

(com Clara Nunes e Toquinho)

(contracapa do disco Poeta, Moça e Violão)

Sua obra é vasta, passando pela literatura, teatro, cinema e música. No campo musical, o poetinha teve como principais parceiros Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Chico Buarque e Carlos Lyra.


Na noite de 8 de julho de 1980, acertando detalhes com Toquinho sobre as canções do álbum "Arca de Noé", Vinicius alegou cansaço e que precisava tomar um banho. Na madrugada do dia seguinte Vinicius foi acordado pela empregada, que o encontrara na banheira de casa, com dificuldades para respirar. Toquinho, que estava dormindo, acordou e tentou socorrê-lo, seguido por Gilda Mattoso (última esposa do poeta), mas não houve tempo e Vinicius de Moraes morreu pela manhã do dia 09 de julho.

Vinícius, velho, poeta camarada. Saravá!



 

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