Clara Nunes e seus pensamentos



Eu sou uma cantora popular brasileira. É uma coisa que eu sempre lutei, sempre almejei na minha vida. Ser uma cantora popular e que cantasse, realmente, as coisas do meu povo. Principalmente as coisas boas. Então, eu não posso me situar como sambista. Eu sou uma cantora autêntica brasileira. É isso que eu faço questão de ser. “
“Eu realmente acredito que essa minha vocação pro canto veio de berço mesmo, porque desde que eu me recordo, assim uns 6 anos, eu já cantava.”
“Sou muito supersticiosa. Não visto preto, não deixo porta de armário aberta, não coloco sapatos em cima do armário e só canto de branco. É uma cor que transmite paz, coisa boa para o público. Dá uma aura legal. Sou também muito mística. Pra começar, na minha religião, quando a gente faz a cabeça, assume certas obrigações e deve cumpri- las. Eu sigo tudo à risca. Mesmo as coisas que eu adoro, eu deixo de fazer. Comer doce de abóbora, por exemplo. É comida do meu santo. Eu não posso comer. Não como. Eu sou assim, com as minhas manias e a minha vontade de enfrentar e vencer. Não tenho medo de morrer e muito menos de envelhecer. Quero ficar uma velha da pesada. Rosto corado de “rouge”, participando de tudo, com batom e muitas pulseiras. Sinto Deus no momento de cantar. Antes de entrar em cena, tenho um friozinho na barriga. Convoco todos os santos, mas depois vem aquele prazer de ver a reação estampada no rosto das pessoas. Cantar pra mim, é como respirar, eu não saberia viver sem isso. “
“Essa de começar a trabalhar muito cedo, também é muito bom, porque eu acho que a gente deve começar a trabalhar cedo, aprender as coisas da vida. Lutar pelas coisas da vida. E, quando você consegue, é melhor. Você se sente gratificada.”
“As vendagens dos meus discos são excepcionais, realmente. Isso à partir de 72, que eu comecei a vender. Porque até então eu vendia a média assim de 20 mil, 30 mil, 50 mil, no máximo. À partir de 74 mesmo que foi o meu grande estouro, com “Conto de Areia”. De lá pra cá o disco sai com um mínimo de 200 mil já vendidos.”
“Menina mineira, do interior, não saber cozinhar é uma coisa muito difícil. Eu comecei a cozinhar muito cedo, porque eu fui , e sou de uma família muito pobre e, meus irmãos iam pra fábrica trabalhar e, eu, como era a caçula, tinha que ficar cozinhando, porque meus pais, eu os perdi muito cedo, também. Então eu subia num banquinho pra alcançar a fogão de lenha, aquele fogão maravilhoso. Então, eu aprendi a cozinhar muito cedo, e gosto até hoje de cozinhar.”
“Filho ainda não foi possível. É uma coisa que é uma grande tristeza na minha vida. Eu já perdi três, inclusive, o último agora, numa gravidez de cinco meses.  É uma coisa que eu não gosto de lembrar muito não, porque eu me emociono, mas, é a vida e, eu acho que o que tiver de ser será, e tudo bem.”
(com o marido, Paulo Cesar Pinheiro, em 1983)
“O “poeta” é maravilhoso. Paulinho foi a coisa melhor que aconteceu na minha vida. Ele é simplesmente extraordinário. Um grande amigo. Maravilhoso. É o grande poeta. Um grande compositor. É o meu amor. Uma pessoa que eu amo muito. Tenho grande respeito por ele, grande carinho.”
“A única coisa que pode ligar o ser humano, de todas as raças, eu acho que é a música. A música tem um poder muito grande de unir, quer dizer, não precisa do idioma. O cara não precisa entender o que você está falando. Você não precisa cantar no idioma dele pra ele entender, pra ele sentir. É sentimento né. Então, eu acho que as coisas mais fortes que existem na Terra, são, a música e o amor.”

“Eu tenho uma grande missão de cantar. Eu acho que todas as pessoas, claro, tem uma missão. A gente tá aqui nesse mundo. Ninguém está aqui passeando, passando férias. Tá todo mundo aqui cumprindo um compromisso já assumido em outras vidas. Eu entendo assim.”

"Os que assim me rotulam, esquecem que eu já gravei Caetano, Chico, Vinícius, dentre outros... Também não aceito o rótulo de sambista, gosto de gravar o que é bom, que não precisa ser necessariamente samba."

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