Gigante, um imortal na história monlevadense

Se vivo estivesse, Omar Antunes Rodrigues, o popular Gigante, estaria completando, exatamente hoje, 83 anos de vida. 


"Nos campos de terra e grama
Brasil só é futebol
nesses noventa minutos
de emoção e alegria
esqueço a casa e o trabalho
a vida fica lá fora..."

(Fonte: foto registrada por Marcelo Melo e cedida ao Visão Geral por Márcia Rodrigues, filha de Gigante)

Há muito tempo eu devia uma homenagem a esta figura ímpar que foi o Gigante. Amigo de infância de seus netos - uma amizade que segue firme até os dias de hoje, tive o prazer e o privilégio de conviver bastante com este grande homem na intimidade de seu lar. Uma figura doce e carismática que cativava a todos com seu sorriso fácil.

Nascido aos 05 de março de 1930 na cidade de Antônio Dias, Omar Antunes Rodrigues sempre se destacou por sua altura. Aos 12 anos de idade, medindo 1,80 m, recebeu de seus amigos um apelido que o acompanharia por toda a vida: Gigante.

Ainda menino, mudou - se com os pais e os quatro irmãos, todos homens, para João Monlevade. Em 1938, foi para Belo Horizonte, onde estudou no Liceu Industrial de Artifícia, uma escola do governo. Nessa época, o menino Omar, teve os primeiros contatos com os esportes. Além de praticar a corrida, aprendeu natação, atletismo e arremesso de peso, disco e dardo. O futebol ele não precisou aprender, pois esse já corria em seu sangue. Foi uma paixão que já veio do berço.

Em meados de 1942 retorna a João Monlevade. Começou a trabalhar como maleiro e pintor nas casas do Centro Industrial da cidade muito cedo, o que era comum naquela época. Passou pela Campolina e em 24 de maio de 1945 entrou para a Belgo Mineira, onde colaborou por cerca de 22 anos. Após desligar - se da Belgo, trabalhou como encarregado em várias empreiteiras, até aposentar - se.

Em 22 de abril de 1950, casou - se com Geny Noronha Antunes Rodrigues. Nessa mesma época, a convite do diretor de ensino do Grupo Escolar Central, Dr. Armando, Gigante foi chamado para dar aulas de Educação Física na instituição. A partir daí, começa a participação de Gigante na fundação do Grêmio Esportivo Monlevade. Após várias reuniões com um grupo de rapazes e moças, realizadas em uma das salas da própria escola, surgiu a ideia de se criar um time de vôlei, feminino e um de basquete, masculino. Para a atuação destes times, decidiram criar um clube.

Formaram uma diretoria para a fundação deste clube. a diretoria teria a função de decidir o nome e criar o estatuto que iria reger a instituição. Gigante foi indicado pelo grupo para ser o presidente da mesa, indicando Maria da Anunciação Oliveira como secretária e Vera Elisa Deniken como tesoureira. O diretor de esportes indicado por Gigante, foi Jair Barão. A Belgo Mineira aderiu à ideia e cedeu uma área conhecida como "Buracão" para a construção do Grêmio.

A fundação do Grêmio Esportivo Monlevade, que contava com um ginásio coberto, uma quadra de vôlei e basquete, dois vestiários, caramanchão, playground, bar, piscina e cinema, aconteceu em 15 de novembro de 1953. As cores que o representariam ficaram sendo o amarelo, o azul e o branco. A então Belgo Mineira teve um papel fundamental durante toda a existência do clube. A empresa doou desde o material de construção até os uniformes dos atletas. Foi ela quem sempre amparou o clube e incentivou o esporte em Monlevade naquele período.

No Grêmio, Gigante foi jogador de basquete e vôlei. Posteriormente, participou do futebol de salão. Os atletas gremistas, dentre eles Gigante, foram convidados a defender o clube em jogos realizados no ano de 1956 no Grêmio de Volta Redonda. Disputaram três partidas nas categorias de futebol de salão, vôlei e basquete. 


O futebol de campo era outra paixão do atleta. Jogou em vários times de grande porte em João Monlevade, entre 1949 a 1964, quando passou a atuar como técnico do time Metalúrgico. Foi também juiz de futebol.

Trabalhou durante 4 anos como treinador de futebol de salão, basquete (masculino e feminino) e futebol de campo feminino, na ACM. Foi, também, treinador do Industrial Futebol Clube, categoria infantil, ganhando o  1º Torneio Salão de Criança, em 15 de outubro de 1989. No Real Esporte Clube, obteve grandes conquistas como treinador das categorias Fraldinha e Veteranos. Os times treinados por Gigante também se destacaram nos Campeonatos de Inverno de Futsal.

Durante toda a sua trajetória no esporte, Gigante foi um grande estudioso do futebol. Amante dessa arte do brasileiro, o atleta recebeu, ao longo da vida, inúmeras homenagens. São dezenas de placas, medalhas e troféus.


No dia 21 de novembro de 2002, todos fomos pegos com a triste notícia da morte de Gigante. Faleceu assim, de repente, sem se despedir, em casa e de maneira súbita, traído pelo coração que já lhe causava preocupações há bastante tempo. Deixou sua grande companheira de vida, Dona Geny, seus filhos Maria das Graças (China), Lucimar, Antônio Omar (Toninho), Márcia (Pia) e Matilde. Gigante partiu num trem azul e foi ao encontro de seus entes queridos na casa do Pai, dentre eles, sua filha Tânia, que faleceu ainda bem pequena.


Ficou a saudade e as boas lembranças dessa figura simpática, bem humorada e bom de papo. A mim, em especial, ficou também o orgulho em saber que meu pai, fora trazido ao mundo pelas mãos de Dona Flordaliza, mãe do Gigante e uma das mais conhecidas parteiras de João Monlevade. Assim que a criança nasceu, veio a notícia que deixaria a amiga parteira ainda mais feliz. Dona Sinhá   anunciou à Frordaliza que a criança receberia o nome de um de seus filhos. Se chamaria Omar.


Um dos orgulhos que o Omar Antunes, o Gigante, sempre carregou consigo, foi o de dizer que seu amigo Omar Evaristo, meu pai, fora batizado com este nome em sua homenagem.


Gigante, um imortal em nossa história. Apelido mais apropriado não poderia ter recebido, tamanho o legado que deixou para a nossa terra e nossa gente. 

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