Vanessa da Mata, uma fonte fértil na MPB

"Não me deixe só
Eu tenho medo do escuro
Eu tenho medo do inseguro
Dos fantasmas da minha voz"




Que a música popular brasileira vem agonizando a bastante tempo, todos nós já sabemos. A massificação de músicas de baixa qualidade tem feito com que os legítimos artistas de nossa verdadeira canção venham perdendo espaço nas mídias, mas, ainda temos, para a nossa alegria, alguns nomes da nova geração que vem lutando para realizarem um trabalho com categoria e classe. Vanessa da Mata é um desses raros casos.

Vanessa da Mata nasceu em 10 de fevereiro de 1976, em Alto Graças, Mato Grosso, uma pequena cidade a 400 quilômetros de Cuiabá, cercada de rios e cachoeiras. Quando criança Vanessa ouviu de tudo. De Luiz Gonzaga a Tom Jobim, de Milton Nascimento a Orlando Silva, passando ainda por Clara Nunes, Elis Regina, Gal Costa e Maria Bethânia.

Aos 14 anos se mudou para Uberlândia, em Minas Gerais, com o objetivo de se preparar para o vestibular. Vanessa iria tentar medicina, embora já soubesse muito bem o que queria: cantar.


Vanessa começou a se apresentar em bares locais e, 2 anos depois mudou- se para São Paulo, onde se tornou vocalista de uma banda de reggae. Aos 21 anos conheceu o cantor e compositor Chico César e com ele compôs a múcica "A Força Que Nunca Seca". A canção foi gravada em 1999 por Maria Bethânia, que a escolheu para dar título ao disco. Vanessa da Mata começou a ser reconhecida pela crítica como uma grande compositora, sendo gravada por vários dos grandes nomes de nossa música.

O sucesso como cantora veio em 2002, aos 26 anos, quando Vanessa finalmente gravou seu primeiro álbum. A artista resistiu muito em gravar, pois, queria ter liberdade para seguir o caminho que acreditava ser o melhor para si. Vanessa da Mata não se preocupava em alcançar o estrelato através de vendagens e às custas de levar uma música de baixa qualidade ao grande público. Ela queria realizar um trabalho de qualidade e bom gosto.


Ao longo desses 11 anos de carreira profissional como cantora, Vanessa da Mata se destaca no cenário musical como uma das mais festejadas aparições da música contemporânea. A cantora, que prefere não ser comparada a outras artistas, tem um estilo próprio, que porém, mantém a linha melódica dos monstros sagrados de nossa MPB.

Para Vanessa da Mata, uma das maiores alegrias foi o convite da escola de samba carioca Portela para representar a cantora Clara Nunes (1943 - 1983) em seu desfile de 2012. Vanessa veio para o Sambódromo da Marquês de Sapucaí como destaque num carro alegórico, usando a réplica de um vestido com o qual Clara se apresentou no Festival Midem, em Cannes, na França, em 1974 e com a famosa tiara de conchas e ostras usada pela cantora mineira no espetáculo "Clara Mestiça", que ficou em cartaz de 1980 à 1982, sendo um dos grandes recordistas de público.

(Vanessa da Mata vestida de Clara Nunes no desfile da Portela em 2012)

Vanessa está envolvida em um projeto da Nívea em homenagem a Tom Jobim. O "Nívea Viva Tom" viaja por 6 capitais do Brasil entre os meses de abril a junho levando a arte do maestro e compositor em shows gratuitos. Vanessa pensa em estender a mine - turnê, mas nada ainda está confirmado.


Vanessa da Mata, uma das maiores cantoras da MPB nos dias atuais. Referência de classe e elegância no cenário musical atual. Um dos poucos oásis no imenso deserto que se tornou nossa legítima música popular nas últimas 3 décadas.

Para quem tem sede, nada melhor que beber dessa fonte fértil chamada Vanessa da Mata.



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