Simone, eterna Cigarra da música brasilera



Simone Bittencourt de Oliveira chega aos 64 anos de vida – completados no dia 25 de dezembro, consagrada como uma das maiores cantoras brasileiras de todos os tempos. O nome da baiana figura numa seleta lista de estrelas de nossa canção, imortalizadas por suas obras e por suas vozes.


Formada em Educação Física, Simone se profissionalizou como jogadora de basquete, chegando a ser convocada por duas vezes para a Seleção Brasileira, nesta modalidade.  Apesar de atuar na área esportiva, a paixão de sua vida sempre foi a música, tanto que fazia aula de violão desde criança com sua professora, que ao longo dos anos se tornou sua amiga Elodir Barontini. Através dela, Simone participou de um jantar na casa do então gerente de marketing da gravadora Odeon, Moacir Machado, o Môa. Ao final do encontro, Simone foi convidada para fazer um teste na Odeon, cantando sucessos da época, e Simone acabou ganhando a vaga em ótima colocação, e o resultado foi que a gravadora a contratou por quatro anos, com um disco por ano. O primeiro, Simone, gravado em outubro de 1972 foi regido pelo maestro José Briamonte. A primeira tiragem foi distribuída apenas para amigos, parentes e para o meio artístico. O lançamento ocorreu em 20 de março de 1973 (considerada a data oficial do início da carreira) em São Paulo. A participação no programa Mixturação (direção/produção de Walter Silva, TV Record, abril, 1973) também foi aguardada com expectativa e Simone apontada como um dos nomes mais promissores. O sucesso começava assim de forma gradual.


O grande reconhecimento do público brasileiro veio em 1977 quando realizou sua primeira apresentação solo no show FACE A FACE. No ano de 1978 Simone mais uma vez recebeu muitos elogios da crítica, quando apresentou o FACE A FACE, com direção de Hermínio Bello de Carvalho no Teatro Clara Nunes, no Rio de Janeiro.


Na década de 80, a “Cigarra”, como é carinhosamente conhecida, participou de momentos importantes no caminho da redemocratização do país. Em 1982, ao lado de Chico Buarque, Clara Nunes, Christiane Torloni, Aldir Blanc e João Bosco, a cantora participou de uma série de shows pelas “Diretas Já”, e em apoio a candidatos a governador pelo PMDB. Ainda em 1982, participou junto aos mesmos Chico Buarque e Clara Nunes, além de vários outros artistas do espetáculo “Canta Brasil”, que reuniu um público de cerca de 120 mil pessoas no estádio do Morumbi, em São Paulo. Um dos pontos altos do espetáculo foi quando Simone cantou a lendária “Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores” (Caminhando e cantando) do compositor Geraldo Vandré. Simone, sem conter a emoção, cantou acompanhada do gigante coral formado pelo público ali presente. Sempre engajada nas causas políticas, Simone foi uma das artistas que apoiou a campanha do ex - presidente Fernando Collor de Melo.


Nos anos 90 e 2000 o sucesso se manteve. Em 1995 Simone lançou o disco “25 de Dezembro”, inteiramente com canções natalinas, se tornando a primeira cantora brasileira em dedicar um álbum inteiro as canções de Natal. Este foi e ainda é o disco mais vendido de toda a carreira de 40 anos da Cigarra.


Assim como a maioria de nossos grandes artistas, Simone hoje não é vista nos programas de grande audiência de nossa televisão com a mesma frequência de antes. O sucesso, no entanto, em nada se abalou. Suas vendagens seguem sendo expressivas e suas turnês aclamadas pelo público e pela crítica. Simone é a prova de que talento supera “bundas” e gêneros da moda. É a prova de que a nossa legítima Música Popular Brasileira - hoje tão desprezada pelos meios de comunicação que insistem em colocar em sua grade o que de pior temos no cenário musical, agoniza mas não morre.


Simone, orgulho de nosso país. Cantora com “C” maiúsculo. Intérprete com força e raça. Vida longa a Cigarra.

Saravá!

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