Papa Francisco clama por união entre Católicos Romanos e Ortodoxos

O Papa Francisco se  encontrou com Patriarca Bartolomeu I e pediu que hesitações do passado sejam colocadas de lado para se caminhar rumo à unidade

Após dois dias de viagem na Terra Santa, com passagens pela Jordânia e Palestina, Francisco rezou com o Patriarca Ecuménico de Constantinopla e da Santa Igreja Católica Apostólica Ortodoxa na Basílica do Santo Sepulcro, onde se evocam os locais da morte, sepultura e ressurreição de Jesus.
Na Basílica do Santo Sepulcro, Francisco destacou este momento de oração como uma graça extraordinária. “Acolhamos a graça especial deste momento. Detenhamo-nos em devoto recolhimento junto do sepulcro vazio, para redescobrir a grandeza da nossa vocação cristã: somos homens e mulheres de ressurreição, não de morte. Aprendamos, a partir deste lugar, a viver a nossa vida, as angústias das nossas Igrejas e do mundo inteiro, à luz da manhã de Páscoa”.
O Santo Padre recordou que Cristo carregou cada sofrimento e tribulação e com Seu sacrifício abriu passagem para a vida eterna. Assim sendo, Francisco disse que não se deve deixar roubar o fundamento da esperança e que o mundo não pode ser privado do anúncio da Ressurreição. Ele pediu que as pessoas não fiquem surdas ao forte apelo da unidade que ressoa em especial nesse lugar sagrado para os cristãos.
Escutar apelo por unidade, pede Papa em celebração ecumênica
Os dois líderes religiosos rezam junto a Pedra na Unção, dentro da Basílica do Santo Sepulcro, local no qual o corpo de Jesus foi depositado após ser retirado da cruz
O Pontífice reconheceu que não se pode negar as divisões que ainda existem entre os discípulos de Jesus, mas, olhando com gratidão para o gesto histórico de Paulo VI e Atenágoras, vê-se como foi possível, por impulso do Espírito Santo, dar passos importantes rumo à unidade.
“Estamos cientes de que ainda falta percorrer mais estrada para alcançar aquela plenitude da comunhão que se possa exprimir também na partilha da mesma mesa eucarística, que ardentemente desejamos; mas as divergências não devem assustar-nos e paralisar o nosso caminho. Devemos acreditar que, assim como foi removida a pedra do sepulcro, assim também poderão ser removidos todos os obstáculos que ainda impedem a plena comunhão entre nós”.
Ao falar da unidade, Francisco reiterou seu desejo, a exemplo de seus antecessores, de manter diálogo com todos os irmãos em Cristo. Ele não deixou de mencionar a região do Oriente Médio, tantas vezes marcada por conflitos, e recordou que há inúmeros cristãos perseguidos por causa de sua fé em Cristo Ressuscitado.
“Quando cristãos de diferentes confissões se encontram a sofrer juntos, uns ao lado dos outros, e a prestar ajuda uns aos outros com caridade fraterna, realiza-se o ecumenismo do sofrimento, realiza-se o ecumenismo do sangue, que possui uma eficácia particular não só para os contextos onde este tem lugar, mas, em virtude da comunhão dos santos, também para toda a Igreja”.
Por fim, ele pediu que as hesitações do passado sejam colocadas de lado e que se possa abrir o coração à ação do Espírito Santo para caminhar rumo ao tão desejado dia da plena comunhão.
Francisco e Bartolomeu chegaram à praça diante do Santo Sepulcro por caminhos diferentes, foram acolhidos pelos três superiores das comunidades do ‘status quo’, documento que regula a propriedade dos Lugares Santos, a distribuição dos espaços dentro do Santuário, os horários e os tempos das funções litúrgicas: a comunidade greco-ortodoxa, a comunidade arménia-ortodoxa e a Custódia da Terra Santa (Igreja Católica).

Ambos veneraram a pedra onde Jesus foi ungido após a morte, que se encontra próxima da entrada, seguindo para o Santo Sepulcro, para um momento de oração, antes de abençoar os presentes e dirigir-se ao local da crucifixão, o Calvário, acompanhados pelos três chefes das comunidades do ‘status quo’.

Após esta celebração, Francisco e Bartolomeu seguiram juntos para o jantar no Patriarcado Latino de Jerusalém.

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