Clementina de Jesus: Mãe Quelé ou Rainha Ginga


""Foi" as almas que me "ajudou"
Meu divino espírito santo
Louvo a Deus Nosso Senhor"

Não se pode falar de Partido Alto sem se falar em Clementina de Jesus, a rainha suprema desse gênero musical.

Com uma voz primitiva, penetrante, gutural e majestosa, Clementina estaria hoje com prováveis 110 anos, já que não se sabe ao certo seu ano de nascimento. Sabe - se apenas que ela teria nascido no dia 07 de fevereido, entre os anos de 1900 a 1902. Essa rainha veio ao mundo logo após a Abolição da Escravidão.

Empregada doméstica, a cantora foi descoberta pelo produtor e letrista Hermínio Bello de Carvalho em frente ao Outeiro da Glória cantando partidos-altos, jongos e caxambus. Numa das histórias mais fantásticas da música popular brasileira, iniciou sua carreira tardiamente, no show "Rosa de Ouro", que rodou as capitais mais importantes do país e rendeu um disco pela Emi Odeom.

À partir daí, Clementina firmou seu nome como uma das maiores cantoras do país. Foi homenajeada com o samba "Clementina, cadê você?", coposta por Eltom Medeiros e também com o "P.C.J." (Partido Clementina de Jesus), coposta pelo mestre Candeia e gravada por Clara Nunes, no disco "As Forças da Natureza", de 1977, com participação especial da própria homenajeada. Essa gravação foi sem dúvidas um verdadeiro encontro de rainhas, que se repetiu mais tarde, quando Clara participou do disco "Clementina e Convidados", cantando com ela a música "Embala Eu".

Além de Clara Nunes, Clementina gravou com muitos outros dos maiores nomes da MPB, e era carinhosamente chamada de mãe no meio artístico. Em 1979, ao lado de João Nogueira, Clara Nunes, Paulo César Pinheiro, Martinho da Vila, Beth Carvalho e vários outros artistas, participou da fundação do Clube do Samba. No dia 02 de abril de 1982, foi novamente homanajeada, cantando no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e recebendo grandes artistas e amigos, como a "Divina" Elizeth Cardoso.

Clementina, através dos cantos que aprendeu com sua mãe, que era filha de escravos, foi uma espécie de elo entre o Brasil atual e a ancestralidade da África Mãe.

Nossa Rainha Ginga nos deixou no dia 19 de julho de 1987, vítima de um Derrame Cerebral, mas ficou na memória cultural de nosso país como uma das maiores artistas que já habitou este solo.







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